Estudo produzido pela EY, em conjunto com o Ibram, traz os principais desafios que o setor deve superar para manter a relevância dos últimos anos.
ESG, geopolítica e mudanças climáticas são os temas de maior atenção para o setor de mineração e metais, segundo levantamento da EY, uma das maiores consultorias e auditorias do mundo, realizado em parceria com o Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram). O estudo “Riscos e Oportunidades de Negócios em Mineração e Metais no Brasil” traz o top 10 de riscos e oportunidades, além de um breve panorama do setor e sua relevância para a economia nacional.
Para Afonso Sartorio, líder de Energia e Recursos Naturais da EY, ESG estar no topo do ranking evidencia a importância dessa pauta para o setor. “Estar em conformidade somente com a legislação e regulamentação referentes a esses três pilares já não é suficiente num mundo que espera valor compartilhado com real impacto positivo”, ressalta.
A crescente busca por minerais e metais produzidos de maneira mais limpa e sustentável apresenta novas oportunidades de negócio, uma vez que os clientes estão dispostos a investir mais em tais produtos. “Investir na redução de carbono, e na reciclagem de produtos também são apostas do setor”, destaca o estudo.
Quantos aos riscos, impactos da mudança climática, como enchentes, crises no sistema elétrico, falta de água potável, entre outras questões, acrescidos de falhas na governança corporativa que comprometem a segurança socioambiental, tem consequências para os custos das empresas e, em muitos casos, inviabilizam sua licença social para operar.
Em segundo lugar no levantamento está a geopolítica, que vem gerando consequências diretas no setor devido às sanções impostas para a Rússia pela União Europeia, aumento do custo de energia na Europa por conta da guerra, além das constantes tensões entre Estados Unidos e China, mudanças nos governos estaduais e federal aqui no país. Para Sartorio, “esses pontos tornaram o mercado mais volátil, impactando nos preços e influenciando o destino dos investimentos”.
As mudanças climáticas, apontado como terceiro maior ponto de atenção e oportunidade pelo estudo, exigem, entre outros aspectos, o foco na redução de emissões e investimento em pesquisa e desenvolvimento de novos processos, produtos e serviços para se manter relevante no mercado a longo prazo.
Fechando o top 10 estão: licença para operar, custos e produtividade, interrupções na cadeia de suprimentos, força de trabalho, capital, digital e inovação e novos modelos de negócios.
“No Brasil, houve crescimento da demanda e da margem de lucro de alguns metais, como ouro e aço e, para alguns executivos ouvidos, este cenário deve se manter em 2023, no entanto, poderão sofrer pressão de riscos jurídicos, como novas tributações”, afirma Raul Jungmann, diretor-presidente do Ibram.
“Em um cenário de concorrência global por investimentos, o Brasil chama a atenção pelo potencial econômico de seus recursos minerais de alta qualidade, sítios geológicos inexplorados, além de uma matriz elétrica de baixo carbono quando comparada a outros países”, finaliza.
As projeções crescentes de preço de créditos de carbono nos mercados europeu e americano e a expectativa de criação de um mercado de carbono regulado no Brasil indicam que as empresas devem reduzir suas emissões de gases de efeito estufa – o que também demanda mudanças nas cadeias operacionais. “Para as emissões que não podem ser reduzidas, é preciso planejar formas de compensá-las. Neste sentido, o manejo de florestas, por exemplo, é uma das novas atividades das mineradoras”, complementa Afonso.
Por fim, a força de trabalho foi um destaque da pesquisa global de 2023. A crescente consciência a respeito das atividades com altos riscos ao meio ambiente e à sociedade, dificulta que novas gerações se interessem em mineração e metalurgia.
“Avançar nas práticas ESG impactará positivamente na construção de uma cultura organizacional mais atualizada e um posicionamento mais atrativo para talentos. O que, mais uma vez, reforça porque as questões de ESG estão no topo das oportunidades”, finaliza o executivo da EY.
Já para Raul, “a mineração está conectada a extensas cadeias produtivas, sendo insumo para todos os setores da indústria da transformação, além de criar a expectativa de ajudar a construir comunidades prósperas, com objetivos específicos em educação, saúde e geração de renda. Nosso futuro está intimamente conectado à evolução da indústria da mineração”.
A mineração foi responsável por 40% do saldo brasileiro na balança comercial em 2022 e o faturamento do setor no ano foi de R$ 250 bilhões. Dados do setor, apontam que no Brasil, 80% de toda energia elétrica utilizada é produzida a partir de fontes renováveis, enquanto a média global é de 29%. Já em relação à matriz energética, 48% provém de fontes renováveis no Brasil, enquanto a média global é de 15%. Isso significa que o potencial da mineração brasileira pode ainda ser positivamente impactado pela busca global por minerais e metais “verdes”.
Serviço
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