Por Marcelo Riul*
Desde 2006, quando organizações do mundo todo se uniram no Pacto Global, a sustentabilidade, o bem-estar social e a governança, conceitos traduzidos da sigla em inglês ESG (Environmental Social and Governance), passaram a estar cada vez mais presentes em ações de diversos setores. Comprometido com a agenda ESG, o segmento de engenharia consultiva e de projetos adota uma visão holística em relação aos impactos ambientais decorrentes de sua atuação.
A atuação do segmento está alinhada a todo um arcabouço legal ambiental, dotado de regulamentação, diretrizes e parâmetros que precisam ser atendidos. Além disso, a tecnologia aplicada permite o desenvolvimento de projetos com o menor impacto ambiental possível.
Mesmo quando trabalhando diretamente em projetos com alto impacto, busca-se eliminar, minimizar ou mitigar os danos ao meio ambiente, como na recuperação de áreas afetadas pela ação humana, com ações em prol dos recursos hídricos, do uso e preservação do solo e da qualidade do ar em polos industriais, em mineração e em vários outros setores, nas esferas pública ou privada.
Medidas de mitigação de impactos e direcionadas à proteção do meio ambiente, em decorrência da implantação e manutenção de obras de engenharia, fazem parte da rotina de desenvolvimento de projetos.
Destacando o setor de Mineração, podemos citar como exemplo os diques de retenção de sedimentos, controle de erosão, estabilização de encostas, diminuição das áreas de intervenção, revegetação, balanços hídricos com estudos de disponibilidade hídrica e avaliação da necessidade de manutenção das vazões ecológicas, controle de turbidez, controle de partículas, estudos de impacto ambiental, planos de ações de emergências entre outras tantas ações de cuidado com questões ambientais e diretamente ligadas a projetos.
As áreas de exploração ou atuação precisam ser usadas de forma segura em todas as fases do processo e a engenharia consultiva e de projetos tem potencial para trabalhar os recursos de forma inteligente, consciente, sustentável e segura. Esse trabalho deve abranger a promoção da reintegração de áreas impactadas de forma sustentável.
Na área de mineração, em especial, assim como os estudos nas frentes de desenvolvimento de negócios, os estudos específicos de caráter reverso, como os de descaracterização de barragens de mineração, de pilhas de estéril ou de cavas, são de extrema importância.
As avaliações buscam devolver para a natureza e para a sociedade a área impactada com estabilidade geotécnica, química e equilíbrio ambiental restaurado, visando reintegrá-las ao seu entorno da forma mais segura possível.
Cada vez mais, temos estudos para usos futuros de áreas exploradas, atrelados às potencialidades ambientais e sociais, fechando um ciclo de prosperidade econômica, com responsabilidade socioambiental. Muitos locais têm condições para se tornarem reservas naturais, parques e até polos para investimentos em ecoturismo para desenvolver educação ambiental.
Com a evolução do setor, estabeleceu-se um compromisso em promover a conscientização ambiental na formação dos novos profissionais e a sustentabilidade é um valor que passou a fazer parte da nova cultura. Desde então, a engenharia vem fortalecendo esse posicionamento, nas discussões sobre normas técnicas com foco ambiental, na busca de conhecimentos a partir da interação com a academia e setores produtivos e na participação direta dos setores de regulação e fiscalização.
Nesta nova etapa, a engenharia do século 21 evoluiu significativamente e hoje enxerga no meio ambiente não apenas os recursos para exploração, mas como parte de um todo, ao qual está integrada e tem como pilares principais proteção e sustentabilidade.
Como técnicos especializados, somos responsáveis por desenvolver soluções, que possibilitem atividades produtivas atreladas a proteção ao meio ambiente. Nos orgulhamos quando a busca pela responsabilidade amplia nossos horizontes, altera nossas visões de mundo e ao final, fazemos o que é certo.
*Marcelo Riul é gerente de Engenharia da DF+ Engenharia, especializado em projetos de engenharia, planejamento, mineração, infraestrutura, meio ambiente e obras urbanas.