O rompimento da barragem da Mina Córrego do Feijão, em Brumadinho, ficou marcado como uma das maiores tragédias socioambientais do Brasil.

No dia 25 de janeiro de 2019, às 12h28, a barragem da mineradora Vale se rompe, liberando um mar de lama que causou a morte de 272 pessoas e espalhou cerca de 12 milhões de m³ de resíduos de minério pela bacia do Rio Paraopeba.

Mais de 20 cidades ao longo da bacia do rio foram atingidas pelos rejeitos e o abastecimento de água na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) foi impactado. Com isso, a vegetação, a fauna e outros cursos d’água foram atingidos em um raio de centenas de quilômetros.

Neste ano, a tragédia completa cinco anos e é lembrada pelas perdas humanas, prejuízos, impactos ambientais, acordos de reparação e diversas mudanças na segurança de barragens em todo o país.

Segundo a prestação de contas, das instituições de justiça de Minas Gerais, realizada na última semana, mais de 23 mil atingidos pelo rompimento da barragem da Vale fecharam acordos de indenização com a mineradora.

Dois anos após o desastre, em fevereiro de 2021, foi firmado o Acordo Judicial de Reparação Integral (AJRI) entre a Vale, o Governo de Minas Gerais, Ministério Público Estadual e Federal e a Defensoria Pública de Minas Gerais, para tratar dos danos coletivos.

Nele, estão previstos investimentos socioeconômicos, ações de recuperação socioambiental, de garantia da segurança hídrica, melhorias dos serviços públicos e obras de mobilidade urbana, entre outras.

De acordo com a Vale, até o momento foram executados 68% dos R$ 37,7 bilhões previstos pelo acordo, que definiu as obrigações de fazer e pagar para a reparação socioeconômica e socioambiental.

Os equipamentos entregues no Córrego do Feijão em diálogo com a comunidade | Crédito: Ovelha Exco

Reparação

Cinco anos depois da tragédia, a Vale afirma que as estratégias e projetos de reparação de Brumadinho tem seguido o planejamento, com foco nas pessoas e comunidades impactadas, além do meio ambiente.

Segundo informações da companhia, desde 2019 mais de 15,4 mil pessoas fecharam acordos de indenização, somando R$ 3,5 bilhões que incluem valores de Brumadinho, municípios da Bacia do Paraopeba e os territórios que foram evacuados preventivamente devido à emergência da barragem.

Outro objetivo das ações de reparação é garantir novas perspectivas para as comunidades, como a busca pela diversidade econômica e a redução da dependência da mineração.

Neste contexto, são realizadas iniciativas como o Programa de Fomento Econômico, que apoia o turismo na região e o Distrito Industrial de Brumadinho, com o intuito de melhorar o ambiente de negócios na cidade, por meio da capacitação de mão de obra especializada, fortalecimento de empreendedores locais e modernização da legislação municipal.

Além disso, a mineradora concluiu mais de 40% do Programa de Descaracterização de Barragens, com a eliminação de 13 barragens a montante. De acordo com os dados divulgados pela Vale, foram investidos R$ 7 bilhões no programa desde 2019 e a previsão é descaracterizar todas as barragens desse modelo até 2035.

Ressignificação do Córrego do Feijão

O processo de ressignificação do Córrego do Feijão busca promover a melhoria da qualidade de vida e o fortalecimento da economia, em diálogo com o empreendedorismo social.

No começo de 2023, espaços como a Praça 25 de Janeiro, o Mercado Central Ipê Amarelo, o Centro de Cultura e Artesanato Laudelina Marcondes e duas cozinhas comunitárias foram construídos pela empresa e entregues à população.

A Vale oferece assessoria para gestão e ocupação desses locais, com capacitações e suporte técnico aos empreendedores. São realizados encontros periódicos com o grupo gestor e toda construção e ações são definidas em conjunto.

Área em processo de recuperação ambiental | Crédito: Divulgação/Vale

Ações ambientais

A Vale mantém o apoio ao Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Minas Gerais (CBMMG) nas buscas pelas três pessoas que ainda não foram identificadas e segue como prioridade da companhia.

Segundo a mineradora, até o momento foram manejados 75% do rejeito e liberados para a inspeção dos bombeiros.

A Vale informou ainda que a recuperação ambiental das áreas impactadas só pode começar após a liberação pelos bombeiros. Portanto, as ações ainda estão concentradas, em sua maioria, no entorno da área impactada e áreas de preservação ambiental.

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