Principais tendências para o setor mínero-metalúrgico em 2025

Sustentabilidade, Inteligência Artificial e mercado de trabalho permanecem como prioridades para a indústria neste ano

Impulsionado por avanços tecnológicos, o setor mínero-metalúrgico tem passado por transformações para se adaptar a um cenário econômico em constante mudança e em busca de práticas mais sustentáveis.

As perspectivas para 2025, levantadas pela Associação Brasileira de Metalurgia, Materiais e Mineração (ABM) apontam oportunidades e desafios globais. Neste cenário, o Brasil tem chances de assumir um papel de protagonismo no setor.

Confira as principais tendências para o setor neste ano.

IA e Indústria 4.0

Segundo projeção da ABI Research, os investimentos globais em tecnologias digitais na indústria de mineração devem alcançar US$ 9,3 bilhões até 2030. Além de otimizar a produção, essas inovações também oferecem respostas rápidas às necessidades do mercado global.

Na mineração, o uso da Inteligência Artificial tem contribuído para a exploração e a extração de recursos de maneira mais sustentável e segura, por meio de veículos autônomos, sensores e algoritmos de machine learning. Já na siderurgia, a IA otimiza processos de produção, prevê falhas em equipamentos e melhora a qualidade dos produtos finais.

Outras tecnologias como internet das coisas (IoT) e robótica também estão redefinindo processos produtivos, trazendo mais eficiência, qualidade e redução de custos.

Para ampliar o debate sobre o tema, a ABM Week 2024 contou com quatro mesas-redondas focadas em inteligência artificial para o setor mínero-metalúrgico. Entre os temas, foram debatidos desafios da implementação da IA generativa na indústria, inteligência artificial aplicada ao desenvolvimento de produtos e sustentabilidade nos processos de conformação, além dos riscos e oportunidades atrelados ao uso da IA por estudantes.

Educação e mão de obra especializada

A demanda por profissionais qualificados aumenta à medida em que o setor de mineração cresce no país. Neste contexto, os cursos técnicos têm se consolidado como uma alternativa eficaz para atender à necessidade de mão de obra especializada. Essas formações priorizam a prática e possibilitam uma entrada rápida no mercado de trabalho.

Entre as opções mais procuradas estão:

  • técnico em mineração
  • técnico em metalurgia
  • técnico em geologia
  • técnico em segurança do trabalho

De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), o setor mineral e o metalúrgico têm ampliado a geração de empregos.

Em 2022, o setor mineral criou 205 mil postos de trabalho, número superado em 2023, quando foram gerados 210 mil novos empregos.

Já o setor metalúrgico, de acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), empregava mais de 1 milhão de pessoas em 2023.

Além disso, novas tecnologias, como operações remotas e inteligência artificial generativa, promovem avanços na inclusão de grupos antes sub-representados no mercado.

Sustentabilidade e economia circular

Outra prioridade estratégica para o setor mínero-metalúrgico é a agenda ESG, conforme mostra um relatório da KPMG divulgado em 2023, que revela que 30% das empresas de mineração e metalurgia já integram metas ESG em suas estratégias, enquanto 48% definiram metas, mas ainda não as incorporaram plenamente.

As iniciativas voltadas à economia circular também têm ganhado força no Brasil. O Serviço Geológico do Brasil (SGB) lançou o projeto “Estudos Multidisciplinares de Redução de Impactos da Mineração e de Circularidade na Indústria Mineral do Brasil”, que busca reaproveitar e recuperar recursos presentes nos resíduos mineiros.

Na mesma direção, a Estratégia Nacional de Economia Circular (ENEC), instituída recentemente, reforça a importância do reuso de recursos naturais e da redução de rejeitos. Essas ações prometem transformar resíduos da mineração em ativos valiosos, promovendo uma produção mais sustentável e competitiva.

Devido ao consumo intensivo, a gestão e a reciclagem de água têm ganhado destaque no setor mínero-metalúrgico. Estima-se que a mineração utilize cerca de 7% da água doce consumida pela indústria global. No Brasil, um estudo do MapBiomas, realizado em 2021, revelou que o país perdeu 15,7% de sua superfície de água nos últimos 30 anos, equivalente a uma área de 3,1 milhões de hectares.

Diante da crise hídrica, práticas de reciclagem de água, alinhadas aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, estão sendo cada vez mais implementadas para garantir operações mais sustentáveis.

Sustentabilidade e economia circular

A demanda por materiais de alta performance, como ligas avançadas, aço de alta resistência e alumínio reciclado, segue em ascensão. Além disso, a indústria mínero-metalúrgica, como fornecedora de matérias-primas críticas, tem papel relevante na transição energética global.

No Brasil, o uso de hidrogênio verde tem ganhado destaque, fazendo com que o país se posicione como um dos principais potenciais líderes nessa transição, devido à sua capacidade de produzir energia renovável a baixo custo e exportá-la. Para isso, o país conta com planos em curso para fortalecer o mercado de hidrogênio até 2025.

Sustentabilidade e economia circular

O reaquecimento de setores como construção civil e infraestrutura impulsionam a demanda por aço e outros metais. Com projeções de crescimento do PIB brasileiro em 2% para 2025, o setor se beneficia de investimentos em grandes obras e da expansão urbana, que continuam a exigir soluções robustas e inovadoras.

No entanto, desafios como o aumento da demanda energética são evidentes: será necessário expandir significativamente a produção de eletricidade e investir em soluções para tornar a indústria mais limpa e eficiente.

Em um momento de desafios globais e oportunidades locais, o setor mínero-metalúrgico brasileiro tem a chance de se destacar não apenas pela qualidade de sua produção, mas também pela capacidade de liderar iniciativas sustentáveis e inovadoras.

A Associação Brasileira de Metalurgia, Materiais e Mineração (ABM), realiza anualmente a ABM Week, um evento que reúne, em um único lugar, os principais players das áreas de metalurgia, materiais e mineração, promovendo discussões sobre temas relevantes do setor mínero-metalúrgico.

A 8ª edição, em 2024, reuniu 3.090 credenciados e 1.127 trabalhos foram enviados. Este ano, o evento acontece entre os dias 9 e 11 de setembro de 2025, no Pro Magno Centro de Eventos, em São Paulo. A submissão de trabalhos iniciará em breve.

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