O último sábado, 25 de janeiro, foi marcado por homenagens às 272 pessoas que perderam a vida no rompimento da barragem da Vale, em Brumadinho (MG), que completou seis anos.
O Memorial Brumadinho foi inaugurado no distrito de Córrego do Feijão e será um espaço dedicado à lembrança das vítimas e à luta por justiça.
A construção foi uma demanda da Associação dos Familiares das Vítimas e Atingidos pelo Rompimento da Barragem em Brumadinho (Avabrum) e contou com o apoio do governo de Minas e do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG).
Durante a homenagem, o governador de Minas Gerais, Romeu Zema, reforçou que a perda de entes queridos é irreparável e cobrou justiça para os familiares das vítimas.
“Infelizmente, ainda não tivemos nenhuma condenação. O Poder Executivo pode aplicar multas e tomar diversas medidas, mas cabe ao Poder Judiciário punir quem tirou 272 vidas. Aqui, estamos falando de um assassinato em massa. Espero que a justiça seja feita, até para trazer um pouco mais de conforto a todos esses familiares que aguardam há seis anos, sem que nada tenha acontecido”, afirmou.
A secretária de Estado de Planejamento e Gestão, Luísa Barreto, também participou da homenagem em Córrego do Feijão.
“O memorial irá honrar a memória das 272 vítimas que, infelizmente, perderam suas vidas seis anos atrás em uma tragédia que precisa ser reparada. O Governo de Minas buscou apoiar as famílias para que pudessem concretizar o sonho deste memorial. Um lugar que vai fazer com que todos se lembrem que Brumadinho não pode ser esquecido e que um desastre como esse nunca mais pode acontecer”, reforçou.
Para a presidente da Avabrum, Nayara Porto, o memorial terá um papel de denunciar a impunidade e a negligência.
“É um lembrete constante da tragédia-crime que ocorreu no dia 25 de janeiro de 2019, quando a barragem da Vale rompeu causando devastação e está dor que ainda nos é latente pela falta dos nossos. Nossa luta não acabou. Continuaremos buscando justiça e responsabilidade”, ressaltou.
O Memorial Brumadinho possui duas salas de exposição que contam a história das vítimas e as origens, causas e principais consequências do rompimento.
Uma outra sala é dedicada à guarda digna de segmentos corpóreos recuperados nas buscas feitas pelo Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais (CBMMG), uma escultura-monumento em honra à memória das joias e um bosque com 272 ipês amarelos, plantados em memória de cada uma delas.
O espaço é gerido pela Fundação Memorial Brumadinho e foi idealizado pelo escritório Gustavo Penna & Arquitetos Associados. O projeto arquitetônico foi eleito pelos familiares das vítimas em um concurso de projetos organizado pela Avabrum.
A presidente da Fundação Memorial de Brumadinho, Fabiola Moulin, destacou que o memorial é um marco histórico inédito no país.
“Hoje é um dia de muita emoção pois, após um árduo trabalho, as portas deste espaço de memória estão abertas. Este memorial não é apenas um marco físico, mas um símbolo de luta, resiliência e amor. Que neste espaço, o público possa conhecer cada vida que foi arrancada”, disse.
Em outubro do ano passado, o governo de Minas inaugurou, na Cidade Administrativa, o monumento Bruma Leve. Instalado em frente ao Prédio Tiradentes, ele é composto por 272 peças lineares de tamanhos variados. Elas têm a forma de perfis humanos em diferentes posições, cada uma representando uma das vidas perdidas na tragédia. Essas peças também receberam placas com os nomes das vítimas.
“O monumento é visível do gabinete do governador, que hoje sou eu, mas daqui a dois anos será outro. Fico muito satisfeito porque todos os governadores que Minas Gerais tiver, a partir de agora, irão ver da janela de sua sala de trabalho esse monumento. Espero que sirva de alerta de que nunca mais podemos ter uma tragédia dessa natureza”, pontuou o governador Romeu Zema.