Com o acordo, que envolve Vale (50%) e as sul-coreanas Dongkuk (30%) e Posco (20%), a ArcelorMittal amplia sua posição no Brasil, de olho no potencial da operação.
A ArcelorMittal, companhia siderúrgica e de mineração, anunciou nesta quinta-feira (28) que assinou um acordo com os acionistas da Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP) para adquirir a siderúrgica por um valor de aproximadamente US$ 2,2 bilhões. O fechamento da transação está sujeito a aprovações corporativas e regulatórias, inclusive aprovação do CADE, que é esperada até o final de 2022.
Constituída em 2008, a CSP é uma joint venture binacional formada pela brasileira Vale (50% de participação), e pelas sul-coreanas Dongkuk (30%), maior compradora mundial de placas de aço, e Posco (20%), 4ª maior siderúrgica do mundo e a primeira na Coreia do Sul. Com investimento da ordem de US$ 5,4 bilhões, a CSP é a primeira usina integrada no Nordeste e a trigésima instalada no Brasil.
Localizada em uma área de 571 hectares, a CSP integra o Complexo Industrial e Portuário do Pecém (CIPP), no Ceará, dentro da primeira Zona de Processamento de Exportação (ZPE) brasileira.
A usina iniciou a produção de placas de aço em junho de 2016. A produção é voltada para geração de produtos laminados de alta qualidade para a indústria naval, de óleo & gás, automotiva e construção civil. A capacidade instalada é de 3 milhões de toneladas de placas de aço/ano.
Em nota divulgada ao mercado, a Vale ressaltou que “esta transação reforça a estratégia da companhia de simplificação de portfólio, com foco nos principais negócios e oportunidades de crescimento, pautados pela alocação de capital disciplinada”.
Segundo a ArcelorMittal, a aquisição traz diversos benefícios estratégicos para a companhia, incluindo o potencial de:
- Ampliar a posição da empresa na indústria siderúrgica brasileira, que tem potencial de alto crescimento.
- Capitalizar o significativo investimento planejado de terceiros para formar um hub de eletricidade limpa e de hidrogênio verde em Pecém.
- Adicionar 3 milhões de toneladas de capacidade de produção de placas de alta qualidade e com competitividade em termos de custo, com o potencial de fornecer placas dentro do grupo ou de vender nas Américas do Norte e do Sul.
- Permitir novas expansões por parte da Empresa, como a opção de adicionar capacidade de siderurgia primária (incluindo redução direta de minério de ferro – DRI) e capacidade de laminação e acabamento.
- Capturar mais de US$ 50 milhões de sinergias identificadas, incluindo SG&A, compras e otimização de processo.
O estado do Ceará tem a ambição de desenvolver um hub de hidrogênio verde de baixo custo. O Hub de Hidrogênio Verde de Pecém, uma parceria entre o Complexo Pecém e a Linde, uma empresa líder mundial de gases industriais e engenharia, é um projeto de grande porte de hidrogênio verde no Porto de Pecém e que almeja produzir até 5GW de energia renovável e 900 kt/a de hidrogênio verde em diversas fases.
A primeira fase, que a parceria atualmente espera estar concluída ao longo dos próximos cinco anos, tem como objetivo a construção de 100-150MW de capacidade de energia renovável.
Para Aditya Mittal, CEO da ArcelorMittal, a aquisição fortalecerá a posição e os planos da companhia no mercado mundial. “Na CSP, estamos adquirindo um negócio moderno, eficiente, estabelecido e rentável, que irá melhorar ainda mais a nossa posição no Brasil e agrega valor imediato à ArcelorMittal. Existe um potencial significativo para descarbonizar o ativo, dada a ambição do estado do Ceará de desenvolver um hub de hidrogênio verde de baixo custo e o enorme potencial que a região tem para a geração de energia solar e eólica”.
“No curto prazo, continuaremos a abastecer a base de clientes existente da CSP nas Américas do Norte e do Sul. Entretanto, o potencial e as opções que ela oferece no médio e no longo prazo são o que torna esta aquisição tão empolgante. À medida que continuamos a desenvolver as nossas capacidades no médio prazo, temos a opção de a CSP se tornar um importante fornecedor de placas dentro do grupo. No longo prazo, existe também a opção de aumentar significativamente sua capacidade de produção de placas e adicionar capacidades de laminação e acabamento com emissões de baixo carbono”, ressaltou o executivo.