Congresso Aço Brasil, realizado nos dias 26 e 27, destacou os desafios do mercado atual de aço, com o aumento das importações chinesas.
A siderurgia brasileira projeta R$ 63 bilhões em investimentos nos próximos quatro anos, segundo o Instituto Aço Brasil. A previsão otimista vai na contramão do atual cenário, que vem sofrendo com elevados custos, juros altos e, principalmente, com a importações de aço, advindas da China e Rússia.
O tema foi amplamente abordado no Congresso Aço Brasil 2023, organizado pelo Instituto Aço Brasil e realizado entre os dias 26 e 27 de setembro, em São Paulo. O instituto reúne nove grupos produtores de aço do país, que respondem por 86% da produção nacional de aço.
Jefferson de Paula, presidente do Conselho Diretor do Instituto Aço Brasil e presidente da ArcelorMittal Brasil realizou o discurso inicial do encontro. Segundo ele, devido a crises econômicas internas e instabilidades geopolíticas externas, o setor do aço tem passado por períodos de comércio conturbado.
“Em 2023, espera-se um aumento de 40% das importações vindas da China, com as nossas vendas tendo uma queda de 6%, o que afeta o crescimento do setor do aço no país. Somos a favor da economia de mercado, mas não podemos ser ingênuos e ignorar o grave dano que a política comercial de siderúrgicas chinesas e russas estão causando na produção de aço brasileira, ao inundar o mercado com produtos a preços subsidiados”, ressaltou o executivo.
Além de Jefferson de Paula, o empresário Jorge Gerdau Johannpeter também criticou as importações de aço durante o evento. Ele disse que está “extremamente preocupado” com a crescente oferta de aço chinês no mercado brasileiro e indicou que pode haver redução expressiva nas taxas de operação do setor se nenhuma medida para conter o avanço das importações for adotada.
“Se não conseguirmos esses 25% [de alíquota de importação], há risco de a China bombardear o Brasil e nos obrigar a reduzir a capacidade em 10%, 20% ou 30%”, afirmou, durante o congresso.
Com a estrutura atual de alíquotas de importação no mundo — que se movimentou em busca de proteção contra a China —, boa parte da produção do país asiático tem sido enviada para a América do Sul e inundado o mercado brasileiro, explicou.
“Ninguém está vendo o tamanho do problema com oferta predatória da China. Estamos na iminência de fazer demissões e desligamentos”, disse o empresário. Atualmente, a Gerdau tem 600 funcionários com contrato de trabalho suspenso em todo o país.