Países prometem sanções aos EUA, caso medida seja efetivada pelo governo norte-americano.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, oficializou as sobretaxas de 25% sobre importações de aço e 10% de alumínio. A medida foi imposta nesta quinta-feira (8), isentando México e Canadá.
Em entrevista a jornalistas americanos, Trump afirmou que o ‘dumping’ de aço e alumínio nos Estados Unidos representam uma “agressão ao país” e que a melhor opção seria a transferência das companhias para os EUA. O presidente ainda destacou a importância da produção interna por razões de segurança nacional. “Se você não quer pagar impostos, traga sua fábrica para os EUA”, resumiu.
De acordo com o Governo outros países poderão pedir isenção, mas o Executivo não passou detalhes sobre quando elas poderão ser feitas.
Sobre isentar México e Canadá, Trump justificou porque esses são países que “nos tratam com justiça no comércio”. A medida pode ser uma forma de pressionar os dois países a retomarem discussões de interesse para os EUA que estavam paralisadas no Tratado Norte-Americano de Livre Comércio (Nafta).
Brasil teme prejuízos
Diante do anúncio, os ministros das Relações Exteriores e da Indústria, Comércio Exterior e Serviços divulgaram nota conjunta na noite de quinta, demonstrando “grande preocupação” com a decisão do governo Trump.
“As medidas causarão graves prejuízos às exportações brasileiras e terão significativo impacto negativo nos fluxos bilaterais de Comércio, amplamente favoráveis aos Estados Unidos nos últimos 10 anos, e nas relações comerciais e de investimentos entre os dois países”, afirmaram Aloysio Nunes e Marcos Jorge.
Ainda segundo o texto, o governo brasileiro tem buscado evitar a aplicação das medidas às exportações brasileiras esclarecendo ao governo americano que os produtos brasileiros não causam ameaça aos interesses comerciais dos EUA.
Os ministros lembraram que as indústrias de ambos os países atuam de forma integrada, uma vez que 80% das exportações brasileiras de aço são de produtos semiacabados, utilizados como insumo pela indústria siderúrgica norte-americana. Além disso, o Brasil é o maior importador de carvão siderúrgico dos EUA, em contratos que se aproximaram da marca de US$ 1 bilhão em 2017.
“Ao mesmo tempo em que manifesta preferência pela via do diálogo e da parceria, o Brasil reafirma que recorrerá a todas as ações necessárias, nos âmbitos bilateral e multilateral, para preservar seus direitos e interesses”, destacaram os ministros.
Guerra comercial global
Trump mencionou a intenção de sobretaxar pela primeira vez na semana passada. Desde então, o mercado reagiu contra a iniciativa. Levantou-se, inclusive, o temor de uma guerra comercial global.
Após o anúncio de ontem, alguns líderes já se manifestaram O comissário europeu de Assuntos Financeiros, Pierre Moscovici afirmou que “Se Donald Trump colocar as medidas em vigor nesta noite, temos todo o arsenal à nossa disposição para responder”. Segundo ele, as medidas seriam aumentar tarifas europeias sobre laranjas, tabaco e bourbon dos Estados Unidos.
Ainda assim, a União Europeia, formada por 28 países, espera ser excluída das tarifas de aço e alumínio, mas caso contrário, irá rebater. “Nós deixamos muito claro que (a decisão dos EUA) não está em conformidade com a OMC, então iremos à OMC, possivelmente com alguns outros amigos. Teremos que proteger nossa indústria com medidas de reequilíbrio, salvaguardas”, disse a comissária da UE, Cecilia Malmstrom.
Membros da Organização Mundial do Comércio (OMC) acreditam que ainda há tempo para discutir as sobretaxas importas por Trump. De acordo com o porta-voz Dan Pruzin, o assunto será discutido entre os conselheiros da OMC.
“Existe a obrigação de que um membro da OMC que adota uma medida como uma proteção ou uma medida antidumping notifique a organização sobre essa medida. Agora não sabemos quais são as bases legais para a medida dos EUA, portanto não posso comentar se eles vão ou não ter a obrigação de notificar as medidas anunciadas na noite passada à OMC”, informou.