Credores da Samarco elaboram plano alternativo de recuperação

Caso proposta da mineradora seja rejeitada em assembleia, grupo de investidores deve apresentar plano alternativo com gestão independente.

Às vésperas da retomada da assembleia de credores da Samarco, marcada para a próxima sexta-feira (01/04), o grupo de fundos estrangeiros, que detém uma dívida de R$ 26 bilhões da mineradora, já prepara um plano alternativo de recuperação judicial.

A mineradora entrou em uma crise financeira após a tragédia de Mariana (MG), em novembro de 2015, quando o rompimento de uma de suas barragens causou 19 mortes e diversos danos ambientais até o estado do Espírito Santo. A produção da companhia só foi retomada em dezembro de 2020.

Se esse movimento dos credores for confirmado, ele será inédito na história empresarial do Brasil. O desfecho é esperado caso os credores rejeitem o novo plano apresentado pela companhia, o que é o mais provável de ocorrer até este momento, segundo apurou o Estadão.

No início do mês, foi suspensa a assembleia de credores que votaria uma nova versão do plano, prevendo o pagamento das dívidas em 2041, com um desconto de 75%, além da possibilidade de transformar os débitos em “títulos participativos”.

A possibilidade de credores apresentarem um plano alternativo só será possível por conta de mudanças trazidas pela nova lei de recuperação judicial brasileira. Se o plano da empresa não for aceito, o grupo de credores terá 30 dias para entregar sua proposta.

Gestão independente

O Estadão apurou que esse plano já está elaborado, mas que o grupo ainda aguarda alguns dados operacionais da Samarco para confirmar a oferta. No plano dos credores, o ex-executivo da Vale, Tito Martins – que no fim do ano passado deixou o comando da Nexa –, será o indicado para assumir a Samarco, com a missão de uma gestão independente na empresa. O executivo já esteve no conselho da companhia por três anos no passado e está há dois meses trabalhando no caso.

Essencialmente, o novo plano deverá trazer um cronograma de retomada mais curto para a produção da mineradora – o cálculo atual é considerado conservador.

A Samarco estima que sua produção só alcançará o volume de antes da tragédia em 2030. Nos bastidores, o entendimento é de que seria possível acelerar em ao menos dois anos esse cronograma.

 

Estadão Conteúdo.

 

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